As pandemias de vírus têm surgido de tempos em tempos pelo mundo ao longo da história, sendo que no último século já ocorreram 3 vezes. Elas provocam difusão de doenças, grandes números de mortes, principalmente entre crianças e adolescentes, enorme distúrbio social, concentrado em apenas algumas semanas.
Atualmente, um dos assuntos mundiais mais comentados e preocupantes é a epidemia do Ebola. Uma doença altamente infecciosa, caracterizada por uma febre alta do tipo hemorrágica transmitida pelo vírus do gênero Filovírus que desenvolve seu ciclo vital em animais selvagens como morcegos. Segundo especialistas, a doença é transmitida para os seres humanos através do contato com o sangue e outros fluídos corporais desses animais ou por pessoas infectadas. Não há cura apenas soros experimentais e vacinas.
O vírus é tão poderoso que pode se manter vivo mesmo após a morte de seu hospedeiro, uma das razões dessa resistência é que o Filovírus libera substâncias proteicas capazes de desabilitar o sistema de defesa do organismo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Ebola mata até 90% das pessoas contaminadas.
Por conseguinte, após o surto de Ebola que aconteceu esse ano a OMS alertou estado de “emergência sanitária mundial”. Por conta disso, os aeroportos de alguns países instalaram equipes de saúde munidas de sensores térmicos infravermelho para detectar suspeitas da doença em pessoas provenientes de países afetados, reforçando as medidas de controle.
Os sensores térmicos infravermelhos fazem parte dos testes de diagnóstico rápido que ajudam a retardar ou limitar a propagação do vírus antes que um novo contágio ocorra, pela descoberta prematura da epidemia e fiscalização contínua de viajantes, instituição de medidas apropriadas, incluindo afastamento social, isolamento das pessoas infectadas, quarentena dos casos suspeitos de contágio ou tratamento com medicamento antivirótico.
Os aparelhos utilizados desde as primeiras epidemias do SARS em 2003 detectam o principal sintoma da doença Ebola, a febre alta, diferente da influenza, período em que a doença é altamente transmissível. O que torna o método mais importante no controle desta infecção. Sem contato, sem radiação e sem risco as pessoas, os aparelhos permitem a detecção da temperatura facial, quando elevada pode estar relacionada à febre, apontando assim para uma possível confirmação da infecção quando unidas à avaliação clínica e outros exames laboratoriais.
Atualmente os países que incorporaram esta tecnologia de diagnóstico rápido como EUA, Canadá, Inglaterra, México e países na África e Ásia se baseiam no relatório ISO publicado em 2009.
A efetividade da inspeção pode ser melhorada adotando-se medidas de inspeção antes da partida, durante a viagem, e na chegada ao destino. Não somente em aeroportos, mas também hospitais e clínicas, incluindo salas de emergências; instalações de infra-estrutura crítica; lugares de trabalho; escolas; edifícios do governo, incluindo postos policiais e de corpo de bombeiros; transporte público.
Os principais objetivos de planejamento contra a pandemia são: salvar vidas, reduzir o impacto na saúde provocado por uma pandemia, minimizar a interrupção dos serviços de saúde e relacionados (mantendo a continuidade dos serviços até onde for possível), reduzir os problemas sociais decorrentes de uma pandemia.
É importante lembrar que não somente Ebola, mas outros agentes biológicos ou bacterianos já apareceram e podem aparecer em surtos de rápida disseminação e maior escala, provocando pandemias muito maiores como: influenza, gripe suína (H1N1), gripe aviária (H5N1), SARS, tuberculose, Hantavírus, febre do Nilo ocidental, antraz, MRSA e outros. Todas essas doenças podem surgir de causas naturais, liberações acidentais ou até mesmo em decorrência de práticas terroristas.
Hoje não é possível diagnosticar todos os casos e nem impedir que se espalhe. Mas rastrear o vírus é possível, notificando os casos de febre e integrando informação para cuidados da vida humana. Entre abril a maio de 2003, mais 72.000 pessoas foram escaneadas em aeroportos em Taiwan. Destes, foram detectados 305 casos de febre (0,42%) pelo teste rápido de termografia infravermelha. Portanto, o rastreamento não se trata de medida de pouca eficácia, um caso detectado em um milhão é significativo no controle da disseminação.
Considerando o exposto acima e a experiência mundial publicada em literatura científica por pesquisadores de diversos países, a ABRATERM destaca a importância e recomenda o uso da termografia infravermelha, segundo normas ISO, para rastreamento de febre e controle da disseminação de agentes infecciosos de potencial epidêmico, recorrentes, sazonais ou emergentes.
Prof Dr Marcos Leal Brioschi
Presidente da ABRATERM
Referências